Aos trancos e barrancos. É assim que começa, amanhã, a 37ª edição de um dos mais tumultuados campeonatos do DF dos últimos tempos. O Candangão se inicia sob uma enorme sombra de desconfiança em meio à crise de credibilidade tanto da Federação Brasiliense de Futebol (FBF) — comandada por um interventor — quanto pelos próprios clubes, naquele que pode ser considerado o momento mais conturbado do esporte bretão na capital do país, desde a adoção do chamado profissionalismo, em 1976. Antes disso, a cidade teve um torneio doméstico disputado de 1959 a 1975 mas, ao contrário da CBF em relação à Taça Brasil, e ao Robertão, a FBF não reconhece conquistas de times pioneiros, como o Ceub.

O cenário em que a bola começará a rolar no Candangão, 53 anos após o primeiro torneio, em 1959, é caótico, e se arrasta desde o fim de 2011. O imbróglio começa na própria FBF. A entidade está desde março do ano passado sob intervenção judicial e sofre para manter o mínimo da estrutura ativa. Desamparados, os clubes decidiram os próprios rumos do torneio.

Previsto para começar em 21 de janeiro, o Candangão sofreu uma reviravolta em 10 de janeiro: em decisão tomada pelos próprios clubes na assembleia de 29 de dezembro, o campeonato teve o número de participantes inchado de 10 para 12. Os candidatos ao título foram divididos em dois grupos: no A estão Brasiliense, Botafogo-DF, Legião, Luziânia-GO, Sobradinho e Dom Pedro, responsável por um asterisco na tabela. O Grupo B reúne Gama, Formosa-GO, Atlético Ceilandense, Capital, Brazlândia e Ceilândia.

Destaques
Atual campeão, o Brasiliense tenta chegar ao oitavo título para se igualar ao Brasília como segundo maior vencedor do DF. O recordista é o decacampeão Gama. Com o fracasso na Série C do Brasileiro em 2011, o Brasiliense fez um limpa no elenco: mandou embora medalhões conhecidos como Ruy Cabeção, Tuta, Edinho e Acosta, e apostou na juventude. Contratou o treinador Edson Gaúcho, que estava no Paysandu-PA, e foi a primeira equipe a se apresentar entre os 12 participantes da elite. Em sete amistosos na pré-temporada, o Brasiliense obteve cinco vitórias, um empate e uma derrota.

O Gama, vice-campeão do ano passado, tem na campanha de 2011 a inspiração para 2012. Porém, todos no alviverde sabem que será muito difícil o clube conseguir quebrar o jejum de nove anos sem um título candango. O último foi em 2003. Após eleições conturbadas no clube, que colocaram um ponto final na era Wagner Marques, o clube sofre com as dívidas e a falta de patrocínio. Para comandar o time, o Gama trouxe Augusto César, ex-jogador do time e campeão mundial e brasileiro pelo Corinthians.

O Ceilândia tenta estragar a festa dos dois grandes do DF mais uma vez, como em 2010. Para isso, o Gato aposta em dois veteranos do futebol local para conquistar o título: Iranildo e Dimba. Ambos fizeram história por Brasiliense e Gama, respectivamente, e agora vão atuar juntos depois de uma rápida parceria no Botafogo. Outro destaque do futebol nacional que vai ser uma das atrações do Candangão é o ex-jogador Cláudio Adão, treinador do Legião.


Indefinição
A oficialização do Dom Pedro só deverá ocorrer na segunda-feira. O time dos bombeiros havia entrado com um mandado de garantia na FBF contra a participação do Brasília, que abriu mão de disputar a elite em 2012. Com isso, a FBF chamou o Dom Pedro para a vaga em aberto de acordo com o ranking que definiu os 12 participantes da primeira divisão neste ano. Caso seja realmente oficializado, o Dom Pedro só vai estrear no Candangão no dia 25, pela terceira rodada da primeira fase.