Revolução digital nas escolas goianas

  domingo, 19 de fevereiro de 2012, 21:17

 Katherine Alexandria 

e Cejane Pupulin

Quadro-negro, giz e os livros de papel não desapareceram, mas tiveram seu uso modificado nas escolas goianas. Conectada à internet é a lousa interativa, que agora permite nova apresentação dos conteúdos pelos professores, com vídeos e até imagens em três dimensões. Com um toque, é pelo tablet que o estudante pode passar a página do livro, acessar a biblioteca do colégio, pesquisar e fazer as lições. Mas as ferramentas são mais do que atrativos, se tornam instrumentos versáteis e capazes de modificar a educação.

 

“Consigo estudar onde quero, é mais fácil de carregar que os livros”, defende o estudante do 1º ano do Ensino Médio Paulo Victor Brandão Costa, de 16 anos, que ganhou um tablet para acompanhar as aulas neste ano letivo. O conteúdo dos livros adotados pela escola, além de material complementar, como exercícios de vestibulares e indicações de literatura, estão disponíveis no aparelho que ele e os colegas, cerca de 150 estudantes, utilizam nas aulas do Colégio Delta, em Goiânia. Segundo Paulo, o equipamento tornou o estudo mais prático e interessante. 

 

Entretanto, a tecnologia traz mais transformações para o dia a dia do que a facilidade das ferramentas, quando acompanhadas pelos professores. “Temos mais instrumentos e acesso mais rápido. Isso tem modificado muito o nível de aprofundamento dos conceitos”, detalha a doutora em educação Kleide Aparecida Rodrigues. Para o diretor pedagógico da escola, Leonardo Augusto Magalhães de Freitas, só fornecer o tablet não funciona. A instituição não teve problemas com a novidade. 

 

Lousa

“Não acredito que tenhamos como fugir do uso de tablets”, avalia. A escola forneceu para os alunos do 1º e do 3º ano do Ensino Médio um dispositivo pessoal, livros impressos e virtuais por R$ 2.050. As lousas digitais são outro diferencial das “salas tecnológicas”. O professor de História do Colégio Ávila COC, Alexandre Linhares de Melo, dá aulas há 20 anos e relembra que o recurso faz parte de um processo que veio com o data-show e a televisão ligada ao computador. Agora ele seleciona cenas de trailers de filmes, recorta e amplia imagens com alguns toques para facilitar a compreensão dos alunos. 

 

A curiosidade dos estudantes também é instigada com a indicação de sites – previamente verificados pelos professores –, redes sociais e blogs. “O objetivo é criar o desenvolvimento crítico do estudante e ensiná-lo a usar a tecnologia com inteligência.” Alexandre afirma que o planejamento das aulas na lousa é até menos complicado e mais interessante que o modelo tradicional.

 

Conexão

Apesar dos benefícios, é preciso atenção para que tantos recursos não desviem o foco e comprometam os resultados, quando não há reflexão e leitura correta, como alerta a professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás Kleide Aparecida.  “O uso indevido é a simples  reprodução dos conteúdos, o famoso copiar e colar”, aponta. Com o acompanhamento pedagógico, a informação pode ser estendida, discutida, e modifica, inclusive, o conceito de aprendizagem. 

 

Nesse sentido, Kleide explica que, antes da revolução tecnológica, a compreensão era de que se aprendia somente quando alguém ensinava. Agora, a autoaprendizagem ganha destaque. Apesar disso, a tecnologia tem aproximado alunos e professores. O compartilhamento de informações e conhecimento pode ocorrer até, por exemplo, quando o aluno auxilia no uso das ferramentas ou plataformas.