Falta de tudo um pouco nas escolas do Entorno

Brasília-DF

 Os 70 mil estudantes das redes municipais e estadual do Entorno têm aula em escolas sem laboratórios e computadores, em ambientes pequenos, abafados e deteriorados

Renato AlvesBuraco no muro da Escola Machado de Assis, em Santo Antônio do Descoberto, permite que qualquer pessoa entre no colégio: no ano passado, os computadores foram roubados (Iano Andrade/CB/D.A Press)

Publicação: 22/02/2012 06:24 Atualização: 22/02/2012 06:26

   
  
Apesar de morarem e estudarem na área rural, os 436 estudantes da Escola Municipal Cecília Meireles sofrem com a falta de espaço. Construído em um lote comum de São Gabriel, distrito de Planaltina de Goiás — a 90km de Brasília —, o colégio não tem sala de reunião, sala de professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra de esportes, refeitório e nem sequer um pátio. Entre os muros do estabelecimento de ensino, há somente oito pequenas e abafadas salas, onde crianças, adolescentes e adultos assistem às aulas em carteiras coladas umas às outras, em três turnos.

Além de apertada e sem qualquer recinto para atividades extracurriculares, a escola Cecília Meireles foi mal construída. O piso dos corredores exteriores do prédio não tem escoamento. Dessa forma, quando chove forte, a enxurrada invade as salas, molha o material dos estudantes e acaba com as aulas. E não há para onde correr. Professores e alunos não encontram abrigo em nenhum lugar, pois não há cobertura fora das salas de aula. Na recepção, não cabem mais que cinco pessoas. “Aqui a gente não tem nem onde brincar”, observa Cláudio dos Santos, 10 anos, morador de um povoado ainda menor.

Pior que o desconforto e a falta de espaço e equipamentos para brincar, ler ou acessar a internet, praticar esporte é o risco a que os estudantes são expostos diariamente. A escola fica à margem da esburacada, mal sinalizada e sempre movimentada GO-118, estrada que leva a Alto Paraíso, destino quase obrigatório para quem deseja visitar a Chapada dos Veadeiros. No início e fim de cada turno, uma funcionária do colégio faz a vez de guarda de trânsito, na tentativa de frear os veículos para a travessia dos alunos. Nem todos os motoristas param para os pedestres.