Brasilienses iniciam desfile do Pacotão e seguem rumo ao Gran Folia

Brasilienses iniciam desfile do Pacotão e seguem rumo ao Gran Folia

 

 

Thalita Lins

Maíra de Deus Brito

Publicação: 19/02/2012 15:50 Atualização: 19/02/2012 17:33

Neste domingo, três blocos tradicionais devem movimentar a tarde dos brasilienses. Os cerca de quatro mil foliões, concentrados desde o início da tarde na CLN 302/3, já iniciaram o desfile do Pacotão, às 15h30, em direção ao Gran Folia. Mais tarde, por volta das 19h, os blocos dos Raparigueiros e Baratona devem se unir aos demais para a noite de festa na Esplanada dos Ministérios.

A marchinha deste ano do Pacotão é a Lavanderia Ficha Limpa, do compositor Paulão de Varadero. A música cita políticos do Brasil, com o refrão "Esculhambou geral, tem lavanderia no Supremo Tribunal". Um dos cartazes fazia um anúncio da "Lavanderia Brasil" estabelecimento que usa o sabão em pó STF que, para os foliões "limpa ficha suja". Até a reforma ortográfica, que passou a valer em janeiro de 2009, não escapou do humor do Pacotão. “Reforma ortográfica: Nunca trema em cima da linguiça”, destaca o bloco em uma das faixas.

Por volta das 15h45 o Pacotão alcançou a 702 Norte. Pouco antes, às 15h, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) começou a desviar o trânsito na W3 Norte, na altura da quadra 302/3, por onde o bloco Pacotão deve passar, pela contramão, em direção ao centro da capital. 

Trinta e cinco policiais fazem a segurança dos foliões. Quando o bloco chegar à quadra 504, onde o bloco faz uma parada, outros 70 policiais se juntam ao grupo para acompanhar o desfile.

Críticas
Na crítica da Sociedade Armorial Patafísica Rusticana Dër Pakoton, pomposo nome oficial da agremiação, não interessa partido político. O importante é criticar quem está no poder e quem luta por ele. Sobram deboches ao governo, a oposição, à imprensa, aos integrantes do Poder Judiciário e a parlamentares. "A imprensa é a oposição. O resto é armazém de secos e molhados", diz uma das faixas.

A fama de “faxineira” da presidenta Dilma Rousseff e a sucessiva queda de ministros suspeitos de envolvimento com atos corruptos foram temas preferidos de quatro canções do bloco. “Lá vem a vassourinha da Dilma. Varrendo o Lixo pra debaixo do tapete. Tem rato pra todo lado. A Esplanada está virando um banquete”, diz uma das canções.

As desastradas declarações feitas pelo ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, quando ocorreu o escândalo na pasta, viraram um prato cheio para o bloco. “Ninguém vai impedir a minha fala. Só saio se for à bala”, diz uma das músicas. Outra se refere à “declaração de amor” de Lupi para Dilma. “Ai Dilminha, eu juro que te amo, gatinha”.

O Programa Minha Casa, Minha Vida também foi tema como um apelo de alguém que quer casa para poder se casar. “Dilma, eu quero me casar. Eu não tenho casa pra morar. Já não posso viver só de promessa. Minha Casa, Minha Vida é o que interessa”, diz um dos sambas do bloco.

O espírito crítico do bloco, formado principalmente por jornalistas, vem do período da ditadura militar. Em 1977, o então presidente da República Ernesto Geisel, lançou um conjunto de leis para alterar as regras das eleições. As mudanças ficaram conhecidas como “Pacote de Abril”. O nome do bloco parte da ironia às mudanças lançadas por Geisel. No ano seguinte ao pacote, o bloco surgiu desfilando sempre pela contramão da Rua W3, na época uma das principais áreas de comércio de Brasília.